Por Johnny Soares, especialista em TI, sistemas e produtos digitais
Blockchain na logística tem se mostrado uma alternativa promissora para superar entraves antigos do setor, como atrasos, extravios e burocracias que ainda comprometem o desempenho das empresas. Esses problemas vão além da operação: impactam diretamente a experiência do cliente e a reputação das marcas. Por isso, uma tecnologia antes popular no varejo e na indústria agora começa a transformar o cenário logístico.
A principal vantagem dessa inovação está na capacidade de registrar e compartilhar dados com segurança, transparência e imutabilidade. Mesmo assim, a aplicação do blockchain na logística ainda é limitada. Isso se deve a fatores como custo elevado, falta de profissionais capacitados e desorganização interna. Apesar dos desafios, empresas que se prepararam para essa transição já colhem bons resultados com a nova abordagem.
Entre os desafios enfrentados por operadores logísticos estão a falta de visibilidade sobre o trajeto das cargas, a lentidão provocada por trâmites manuais e a descoordenação entre os diferentes agentes da cadeia — como embarcadores, transportadoras e clientes. Fraudes e perdas também são frequentes, com itens desaparecendo no caminho ou entregas registradas indevidamente.
O blockchain aparece como uma alternativa eficaz para contornar essas falhas. A tecnologia permite acompanhar todas as etapas da entrega com registros imutáveis e acessíveis a todos os envolvidos.
Casos de sucesso reforçam sua aplicabilidade. O Walmart, por exemplo, passou a rastrear a origem de alimentos em questão de segundos, reduzindo um processo que antes levava dias. A gigante Maersk digitalizou sua documentação, cortando a burocracia. No Brasil, os Correios já sinalizaram interesse pela tecnologia ao lançarem edital com foco em agilidade e confiança nas entregas. Essas iniciativas mostram que o blockchain deixou de ser apenas uma tendência e virou solução prática.
Mesmo assim, sua adoção ainda esbarra em questões estruturais. Empresas que não têm processos bem definidos ou dados organizados podem ter mais dificuldades na implantação. E o risco, nesses casos, é investir em tecnologia apenas para tornar visíveis as falhas já existentes.
Por isso, o ideal é começar pelo básico: organizar os fluxos, treinar as equipes e mapear a operação. A tecnologia traz melhores resultados quando encontra um ambiente preparado. Só então é hora de pensar em inovação.
Se a sua empresa ainda não começou esse processo, talvez agora seja a hora. A digitalização pode ser feita de forma gradual, mas precisa ser conduzida com estratégia e clareza. Quanto mais cedo for iniciada, mais cedo os benefícios vão surgir.
Sobre o autor
Johnny Soares é especialista em tecnologia da informação e desenvolvimento de sistemas e produtos digitais. Fundador da Sinctec Sistemas, atualmente é sócio da Associatec Brasil e da Tecrian Tecnologia da Informação. Sua trajetória inclui o desenvolvimento de uma plataforma de logística adotada por uma das maiores redes varejistas do país, cuja comercialização resultou em uma negociação milionária em 2020.